Um pouco sobre Formation, Beyoncé e o Partido das Panteras Negras




Nunca pensei que falaria tanto sobre a Beyoncé como tenho falado nos últimos dias. Nunca fui fã de sua música, mas ultimamente ela tem despertado a minha atenção. 
Eu assisti ao clipe de Formation assim que foi lançado, pois sigo alguns ativistas do movimento Black Lives Matter e fiquei curiosa para saber sobre o que exatamente eles estavam comentando. O clipe, ao meu ver, é um dos melhores dos últimos anos, fazendo referência aos danos causados pelo furacão Katrina (que afetou principalmente as comunidades negras e pobres de Nova Orleans), a brutalidade e injustiça  policial que vem sendo denunciada pelo #blacklivesmatter e ao próprio racismo. Em "Formation" Beyoncé fala sobre não sentir vergonha de ser negra, pelo contrário, sentir orgulho.  Para além de interpretar o clipe, como diversos blogs e tablóides já o fizeram, este post surge da minha indignação ao ler diversos comentários maldosos e ignorantes sobre a  Beyoncé e sobre o Partido das Panteras Negras. 
Antes de tudo, é bom enfatizar que "Formation" não é uma canção perfeita,  tem sido alvo de críticas dentro do próprio movimento #blacklivesmatter, pois alguns membros encaram certos trechos como uma celebração capitalista, o que não deixa de ser verdade. No entanto, nem a musica, nem o clipe e muito menos a sua apresentação no Super Bowl focaram no consumismo, meritocracia e ostentação, embora tais valores estejam presentes na música e também tão enraizados na cultura norte-americana, tópico que caberia em uma outra longa discussão.  Além disso, seria injusto não destacar a importância do posicionamento da queen B em momentos tão turbulentos como o que estamos vivendo, onde o número de jovens negros (por diversas vezes inocentes) mortos injustamente nos EUA e no Brasil é assustador.
Depois de sua arrebatadora performance no último Super Bowl, a cantora vem sendo criticada por autoridades policiais nos Estados Unidos e pela mídia em geral, que descreveu sua apresentação como polêmica e ignorante (ver o jornal The Sun, entre outros). Segundo diversos tablóides, Beyoncé teria apresentado uma canção anti-polícia e racista  e sua performance teria homenageado uma organização não só racista, como também extremamente criminosa (BPP, Partido das Panteras Negras). Há inclusive tentativas de boicote à cantora.
A verdade é que sua apresentação no Super Bowl e o próprio clipe "Formation" são um ato político. Beyoncé não é racista, nem anti-polícia, assim como o BPP também não era.
Beyoncé está homenageando her people durante o Black History Month e dizendo para o mundo que não tem vergonha e sim orgulho de ser negra e que gostaria que todos se sentissem assim. Ou melhor: que todos podem e devem se sentir assim. E ainda mais importante: está denunciando as injustiças e brutalidades cometidas por alguns policiais. O "X" fazendo referência ao Malcom X,  sua dançarinas, todas negras, segurando um cartaz pedindo justiça para Mario Woods (um negro baleado pela polícia em dezembro), nada disso foi por acaso. No entanto, parece  de difícil compreensão para algumas pessoas que  ser contra certas atitudes injustas de alguns policiais e expô-las, tanto nos EUA como no Brasil (porque a nossa situação é ainda pior) não significa odiar a polícia ou ser anti-polícia!!! Ser contra a brutalidade policial e a injustiça cometida por alguns de seus oficiais não significa ser contra a polícia!!!
Eu entendo a polêmica que a sua última performance tem levantado, especialmente quando a maioria das pessoas se concentram ou apenas conhecem a "versão oficial" sobre o BPP, repleta de  "desinformação" plantada na mídia ou  versões não totalmente honestas contadas por alguns de seus membros. Eu mesma confesso que embora esteja bem familiarizada  com o contexto histórico no qual o BPP foi fundado, devo dizer que não sabia muito sobre a sua história, além das informações convencionais.
 A memória do BPP me lembra como a sociedade brasileira lida com a memória da ditadura e luta armada que aconteceu neste país, e como o governo do EUA esteve envolvido em ações pré-golpe e na própria questão da tortura. Há de se fazer um esforço para compreender a história de um partido que não fora homogêneo durante toda a sua trajetória, com todas as suas ambiguidades e de separar as ações de membros do BPP das ações de agentes infiltrados.
Vejam bem, não estou tentando encobrir nem justificar atos violentos que alguns membros (tanto da luta armada como do BPP)  possam ter cometido, muito menos responsabilizá-los por todas as grandes mudanças que o movimento dos direitos civis trouxe, por exemplo. Isso seria um erro. Também não é minha intenção fazer juízo de valor das escolhas políticas de membros do BPP. No entanto, pelo que  pesquisei recentemente eu posso dizer este assunto é tratado com desonestidade intelectual e esse é meu ponto. As pessoas tendem a se concentrar nas informações manipuladas e esquecem que uma grande quantidade de agentes foram infiltrados em tais grupos  e fizeram coisas para criminalizá-los e desacreditá-los: fabricação de evidências, implantação de drogas, atos violentos, tudo isso não é mais um segredo ou apenas uma suposição. Há documentos que comprovam. Algumas pessoas também parecem esquecer do contexto histórico em que o partido foi fundado e tendem a analisá-lo isoladamente. Daí surgem diversas críticas como a questão da violência e intimidação que o grupo teria causado, por andarem armados. OPA, espera aí. Estamos falando de um contexto de racismo severo e segregação racial, no qual membros de grupos como KKK perseguiam e matavam negros simplesmente por serem negros e a sociedade os intimidava o tempo inteiro. Estamos falando de um contexto em que brancos e negros praticamente não podiam frequentar os mesmos ambientes e, quando podiam, os negros precisavam ficar isolados. Estamos falando de um contexto de violência física e psicológica extrema.

Sobre a história do partido, por Wanderson da Silva Chaves (Topoi, RJ. Vol 6 N.30):

O Partido dos Panteras Negras foi fundado em 1966 e inicialmente era uma milícia armada, formada integralmente por homens, que atuava na região de Oakland, Califórnia. Entre suas principais atividades, destacam-se o  o monitoramento da polícia, através de obstrução e denúncia da violência dos órgãos de segurança e a intimidação - física e através de boicotes e mobilizações públicas - de denunciados de racismo e infração aos direitos civis. Importante destacar que essas atuações eram legais, pois  leis estaduais da época permitiam o porte e o transporte de armas carregadas em locais públicos ou veículos se o armamento estivesse devidamente exposto e fora de posição de tiro. Além disso, acompanhar ações policiais também era permitido, desde que mantida distância. Huey Newton e Bobby Seale, estudantes de direito, e membros fundadores do Partido, fizeram essa descoberta legal e nela apoiaram a aplicação da autodefesa armada para além da situação - a invasão de residências sem mandado judicial - que primeiro havia mobilizado seus esforços.

Os Panteras Negras não eram secessionistas nem partidários da negritude como projeto, embora a reivindicação à herança de Malcolm X  que era uma meta partidária importante, particularmente, o chamado à luta por "todos os meios necessários" contra o Estado e a polícia (que precisavam ser destruídos para serem re-formados)  tenha sido central para a sua atuação. Com relação a programas, nada de decisivo opôs o Partido à proposta de integração, que caracterizava a agenda pública de King. Curiosamente, ela seguia no sentido do seu aprofundamento, ao destacar mudanças estruturais para destruir - e não apenas reformar - dinâmicas raciais, como condição para tornar os direitos civis realmente efetivos. A diferença em relação a King, sempre afirmada com muita ênfase, era tática: contra a resistência não violenta, advogava-se a autodefesa armada, e, ainda que nunca de forma consensual e programática, também o enfrentamento armado ao Estado como parte da sua atribuída vocação de partido revolucionário. O FBI explorou publicamente essa escolha tática como uma aberta declaração de guerra. E com uma massiva campanha de infiltração, sabotagem e extermínio, na qual buscou vincular o Partido a falsas ações, defrontou os Panteras Negras intermitentemente aos dilemas estratégicos e éticos da instrumentalização política da violência


Até 1967, o Partido era mais uma unidade, dentre várias outras, espalhadas pelos EUA, surgidas simultaneamente nessa época, que se autointitulavam Panteras Negras. Todas elas atendiam a um chamamento comum. Usando o animal símbolo do ­Lowndes County Freedom Organization (LCFO), organização política que o Students ­Non-Violent Coordinating Committee (SNCC) pretendia transformar em partido no Alabama, os Panteras de Oakland eram mais um grupo que buscava dar forma política ao slogan "Black Power", de Stokely ­Carmichael, líder do SNCC. Então, pouco conhecido fora do norte da Califórnia, o grupo de Newton, Seale e do jornalista de Ramparts, Eldridge Cleaver, por volta de outubro de 1968, já havia rapidamente unificado em torno da sua liderança todos os grupos de Panteras, aproximado e emparedado vários setores da esquerda norte-americana, estabelecido uma publicação oficial com tiragem de massa, reunido um orçamento anual milionário, angariado suporte internacional, e dominando o debate pela definição dos sentidos do Poder Negro. Essa ascensão, que se alicerçou na atração dos jovens mobilizados nos confrontos raciais na era dos assassinatos de Malcolm X (1965) e King (1968), foi alcançada com dramáticas e bem-sucedidas ações públicas, e após duras disputas interorganizacionais e partidárias.

Em razão de suas opções táticas, Newton, Seale e Eldridge Cleaver consideravam o Partido o único capaz de exercer algum esforço de politização sobre a massa de jovens negros (...) e graças ao perfil da sua liderança, os únicos que poderiam atrair identificação imediata. De fato, um histórico de pobreza, bom treinamento militar prévio, passagens por prisões, eventuais aproximações ao Nation of Islam (NOI) e um sério esforço de formação intelectual os assemelhava a parte considerável da militância que ingressou nas cerca de 80 sucursais que os Panteras chegaram a ter no país. Inicialmente, o Partido espelhou a retórica racialista e nacionalista que emergiu nos confrontos e protestos, mas das suas proclamações, na qual se declarava vanguarda partidária do "exército de libertação negro", dificilmente se poderia obter uma agenda nacionalista. (...)

Embora a liderança dos Panteras Negras tivesse bom domínio da literatura marxista e dos textos políticos de Che, Mao e Lênin que fizeram carreira naquela época, era Fanon a principal ferramenta do Partido . Os Panteras eram a mais literalmente "fanonista" dentre as organizações de base negra dos EUA, vinculação que foi pouco destacada pelos próprios autores. Isto significava uma aposta no programa de luta armada exposto em Os condenados da terra (1961), em que se apelava à violência como força liberadora pessoal e militar do domínio colonial. (...)

Após o estabelecimento de restrições legais ao uso de armas, em 1969, os Panteras se orientam para a montagem, nas suas sucursais, de clínicas médicas, refeitórios, cursos de formação política e escolas primárias, entre outras iniciativas cujo fim declarado era estabelecer a gratuidade, socialização, criação e a autogestão de serviços públicos dentro das comunidades negras. Sustentada por grande suporte e participação voluntária, a iniciativa afetou o War on Poverty, grande programa federal de reforma urbana, terceirizado para empresas, fundações, igrejas e organizações negras. Publicamente, a política social de governo era ferida, na comparação, por sua atribuída timidez, inoperância e racismo. A essa reorientação, na qual o Partido transferiu para sua liderança "civil" a condução da maioria das ações, coincidiu curiosamente uma brutal ofensiva policial, na qual se prendeu ou executou os principais quadros dos Panteras Negras, sucessivamente, cidade a cidade.

Esse momento também coincidia com a construção de uma sólida aliança do Partido com os movimentos contra a Guerra do ­Vietnã, da qual os dois segmentos se consideraram beneficiados. Orientando-se parcialmente pelas mudanças no discurso público dos Panteras, os grupos predominantemente estudantis, envolvidos nos protestos, foram acrescentando uma retórica anti-imperialista, e depois, crescentemente antifascista e anticapitalista, a seu próprio discurso antiguerra, inicialmente ligado ao pacifismo dos objetores de consciência. Essa conexão temática veio acompanhada de grande produtividade organizacional. Com apoio do Partido, são criadas, em comunidades de população hispânica, asiática, indígena e de "brancos pobres", organizações similares às dos Panteras. Apoiados principalmente nestes novos grupos, e com suporte de aliados que incluíam igrejas, ativistas gays e feministas e grupos antirracistas, os Panteras Negras criaram o Comitê Nacional de Combate ao Fascismo, sem restrições de filiação. A emergência do que se designou, por esse comitê, de "Coalizão Arco-Íris", funcionou como uma correia de transmissão circular: cada grupo assumia sua pauta particular no esforço conjunto de oposição à Guerra no Vietnã, no coletivo de lutas liberatórias globais e domésticas, e na resistência à ofensiva policial.

O FBI mudou sua estratégia de combate aos Panteras em 1971. Naquele momento, embora não contasse com boa parte de seus quadros políticos, já presos, mortos ou exilados, o Partido atingiu seu auge de expansão, filiação e influência, desarticulando a rede de apoiadores dos Panteras Negras, culminando no seu declínio. Do isolamento que se produziu, seguiu-se a exposição de diferenças políticas e temáticas, contradições retóricas e tensões internas e com aliados que rapidamente tornaram o Partido politicamente insignificante.

Diplomaticamente, o compromisso de Nixon com a gradual retirada das tropas do Vietnã, o restabelecimento de relações com China e Argélia e a conclusão da maioria das lutas de libertação nacional na África desmobilizou as organizações estudantis antiguerra e inibiu o apoio internacional aos Panteras. Dava-se fim à pauta "anti-imperial" comum. Com a universalização das cotas raciais como política de Estado, bem como a ampla reforma universitária, que tornou os chamados "estudos afro-americanos" item curricular obrigatório, normalmente com dotação orçamentária e suporte departamental próprios, o governo Republicano capturou a atenção e conquistou a confiança da maioria dos aliados dos Panteras nas universidades e entre as classes médias. Alianças e acomodações políticas são estabelecidas com estes setores: após terem sido expelidos ou hostilizados pelo Partido, a velha guarda do Movimento dos Direitos Civis e as jovens organizações negras assumem, já dentro do governo, a implantação dessas medidas que se tornariam, mais que a retomada das políticas sociais de Lyndon B. Johnson, o início da gestação do multiculturalismo como proposta de ordem.

O faccionalismo também destruiu os Panteras. A liderança do Partido, quando desafiada a iniciar a prometida luta armada pela facção - depois conhecida por - Black Liberation Army, optou por tentar preservar aliados politicamente moderados, especialmente entre seus principais patrocinadores. Huey Newton, que então se deslocava para o centro da máquina democrata na Califórnia, e para a gestão de programas de assistência comunitária em nada diferentes daqueles que já vinham sendo realizados nas várias instâncias de governo, desmilitarizou a imagem da organização, abandonou a retórica revolucionária, promoveu expurgos e estabeleceu uma rígida estrutura burocrática de mando. Além disso, estreitou laços com pequenas máfias do submundo de Oakland, dinâmica de despolitização que acabou por afastar, sobretudo, aos aliados e rede de contatos entre a Nova Esquerda. Feministas e gays externos às comunidades negras já haviam retirado seu apoio antes disso, em razão do persistente sexismo que supostamente se definia como traço da atuação dos Panteras.

Desbaratados por sucessivos raids policiais, mais duradouros que sua real relevância, as cisões civis ou armadas do Partido perderam rapidamente, após 1973, a consistência programática que caracterizara sua existência anterior, como pretendida organização de massa. Assim, embevecidos e guiados apenas pelo heroísmo, os membros remanescentes, reduzidos ao terrorismo ou ao gangsterismo, deixaram de existir formalmente como grupo. (Wanderson da Silva Chaves, 2015)


Como todos sabemos, é impossível reconstruir o passado na íntegra, embora deva ser de nosso interesse procurar sempre por uma versão mais precisa de fatos do passado, analisando criticamente documentos e testemunhos.
Estou lendo este livro no momento e pretendo ler mais livros sobre o assunto: http://www.amazon.com/Black-against-Empire.../dp/0520282221

Aqui está uma bibliografia para todos aqueles que desejam saber mais, são livros acadêmicos: http: //www.ibiblio.org/shscb.../ribb/panthers-bibliography.pdf
E aqui uma entrevista com a professora Angela A Allen-Bell:
"(...) A razão inicial para a percepção do BPP ser violento e racista é o próprio governo. Os documentos que eram confidenciais e hoje já estão disponíveis para o público provam que uma parte da estratégia do governo de neutralização foi para desacreditá-los aos olhos do público. Isto foi feito em uma tentativa de impedir as pessoas a apoiarem o partido. O artigo lista a miríade de formas que este plano foi executado. Uma das estratégias mais comuns foi utilizar agentes infiltrados e informantes para participar do partido, então, esses indivíduos se comportam mal e violentamente  e assim parece que o BPP era não era nada mais do que um grupo de bandidos. O governo também contribuiu para percepção negativa dos panteras na forma como eles responderam com força exagerada e a única falha era  atribuída aos panteras, fazendo-nos acreditar que eles sempre se dirigiam com violência contra a polícia e que esta fora sempre inocente e honrada  em suas interações com os panteras. Evidência simplesmente não confirmam isto.
Uma segunda razão para a imagem negativa foi a mídia. Documentos também determinam que certos membros da mídia trabalharam com o governo para divulgar apenas imagens negativas e adversas sobre o BPP. É um fato conhecido que a repetição é uma das ferramentas de publicidade mais eficazes. E assim certos meios de comunicação passaram a trabalhar em retratar o partido como o pior possível e não expondo nada de positivo sobre o BPP. O impacto disso é gerações de pessoas que não têm idéia de que o BPP era uma organização de serviços que lançou as bases para muitos programas sociais que desfrutamos atualmente, tais como policiamento comunitário, cuidados de saúde para os pobres, o tratamento da anemia falciforme e testes médicos gratuitos, refeições gratuitas na escola e distribuição de alimentos para as famílias pobres. Seus atos de serviço à comunidade foram bastante extensos, eles serviram como cães de guarda da polícia, escoltas para os idosos, lideranças comunitárias e uma série de outras coisas que são discutidos em detalhes em meu artigo. (...) Anos se passaram e muitos membros do BPP  foram enquadrados por crimes que não cometeram e  foram posteriormente submetidos ao isolamento prolongado enquanto estavam na prisão. Alguns deles são referenciados em meu artigo. Convicções falsas foram utilizadas como um meio de neutralização e o confinamento solitário foi usado para quebrar as suas vontades e terminar seu ativismo. Isso não é mais especulação. Este é agora um fato documentado." http://www.countercurrents.org/a3n090914.htm # blacklivesmatter # blackhistorymonth # formation


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