19º Festival Cultura Inglesa - São Paulo - 21/06/2015

O Festival Cultura Inglesa, já tradicional no calendário de eventos da cidade de São Paulo, é garantia de bons shows para quem gosta de rock n' roll. O evento tem palestras, apresentações teatrais e exposições de arte ligadas à cultura britânica, e sempre se encerra com o show de algum figurão musical - Franz Ferdinand e The Jesus and Mary Chain estão na lista. E o melhor: é tudo de graça!

Nesse ano, o headliner foi Johnny Marr, o lendário guitarrista dos Smiths. No lineup também estavam Blue Drowse, banda dos alunos da escola; Staff Only, de professores; The Strypes e Gaby Amarantos. O tempo estava bom, e embora o dia anterior tivesse sido de muito frio, a temperatura estava agradável. Eu estava ansiosa para ver o show do The Strypes, banda irlandesa formada por garotos entre 18 e 20 anos de idade que tocam um garage rock de altíssima qualidade, muito inspirado pelos Rolling Stones e bandas mais modernas, como Arctic Monkeys (para quem já abriram shows); mas, graças ao excelente sistema de transporte público da cidade de São Paulo, que programa manutenções nas linhas de trem no fim de semana de Virada Cultural, eu cheguei 40 minutos atrasada ao Memorial da América Latina e só consegui ouvir as duas últimas músicas, que foram bem executadas e empolgaram o público. Espero que os meninos voltem mais vezes para que eu possa vê-los.

Depois foi a vez de Gaby Amarantos, a autoproclamada "rainha da fuleiragem do Pará". A cantora foi escalada para cantar sucessos de divas britânicas, e abriu o show vestida de rainha cantando "Bohemian Rhapsody", hit do Queen; passando por músicas de Amy Winehouse, New Order, Erasure, Eurythmics, Culture Club e The Smiths, fazendo uma mescla entre as letras originais das bandas e outras adaptadas para o seu estilo. Estou bem longe de gostar de tecnobrega, mas Gaby conquistou o público (quem não gostou do show foi bem respeitoso e ficou quieto, contrariando o comportamento dos fãs do Motörhead no Monsters of Rock) e merece crédito, especialmente pelas mensagens bacanas que passou durante o show - pedindo mais tolerância e mandando um "foda-se Malafaia", junto com Lia Sofia, outra cantora paraense que fez participação especial em seu show.

Sai Gaby, e entra a estrela da noite, a lenda - John Martin Maher, mais conhecido como Johnny Marr. O guitarrista dos Smiths tem uma carreira solo excelente, que conta com os álbuns The Messenger (2013) e Playland (2014), ambos disponíveis no Spotify e que merecem sua audição; mas é claro que a maioria dos presentes estava ali querendo ouvir algo que tivesse saído da parceria de Marr com Morrissey. E não demoraram muito para ouvir: "Panic" foi a segunda música executada por Johnny (e a primeira das seis faixas dos Smiths presente no setlist). O público se mostrou bastante receptivo ao trabalho solo do artista, e músicas como "Candidate", "Easy Money", "Generate! Generate!" e "The Right Thing Right" empolgaram a platéia, que não parou de dançar um minuto, parecendo estar em uma grande festa dos anos 80.

O show de Johnny é discreto - a banda veste roupas sóbrias: camisas abotoadas até em cima e paletós; não tem muita enrolação nem frescura, é direto, como a maioria dos bons shows de rock. Não existem efeitos e performances além das luzes e fumaça do palco, e a atenção está toda nos músicos em cima do palco. O ritmo é animado, e os 12 mil presentes explodem de felicidade quando alguma música dos melancólicos Smiths é tocada - "Bigmouth Strikes Again" e "There Is a Light that Never Goes Out", da primeira parte do show, são cantadas com muito vigor e energia, como é típico do público brasileiro. Também rola "Getting Away With It", música do Electronic, projeto de Marr com Bernard Sumner, o vocalista do New Order, muito bem recebida.

No bis, "Stop Me If You Think You've Heard This Before", dos Smiths, "Upstarts", de Johnny, "I Feel You", cover do Depeche Mode, e a maravilhosa, triste, deprimida e estupenda "How Soon Is Now?", o maior hit dos Smiths, que faz com que todos cantem juntos sobre o quanto estão cansados de esperar pelo amor. Marr encerra seu show com uma despedida breve, porém calorosa (não se cansou de dizer como o público era maravilhoso e do quanto estava feliz em estar em São Paulo, com seu sotaque carregado), e promete voltar no próximo ano.

Foi um show maravilhoso, e valeu muito a pena ouvir o improvável mashup de The Clash e funk da Furacão 2000 tocado pela banda de Gaby Amarantos para poder presenciar um Smith, em um show tão honesto e cru, com aquela vibe oitentista incrível, tão de perto. Sinceramente? Quase nem deu para sentir falta de Morrissey. Johnny, tô contigo e não abro.



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