Conheça o Royal Blood

Antes de mais nada, é preciso assumir que roqueiro, na maioria das vezes, é um bicho teimoso. Quando começamos a nos educar musicalmente, e descobrimos nossos queridos Led Zeppelin, Black Sabbath, Queen ou AC/DC, achamos que tudo o que há para ser criado e explorado na música já foi feito. E não estamos tão errados - como não achar que conhecemos tudo o que vale a pena ser conhecido ao escutar a maravilha que é o álbum Led Zeppelin IV?

Mas não podemos viver somente de passado, se quisermos que o rock n' roll continue a existir. Eu sou muito cabeça dura para escutar bandas novas, e precisei de um empurrão quase divino para conhecer a banda que inspira esse post. Como alguns de vocês possam saber, a minha banda preferida é o Mötley Crüe, que anunciou seu fim de forma impactante no ano passado, assinando um contrato que diz que jamais poderão voltar a tocar juntos depois da turnê mundial que se encerra no final deste ano, na Califórnia. O único show deles na América do Sul será no Rock in Rio, ao lado do Gojira, Royal Blood e Metallica. Eu obviamente entrei na briga pelos ingressos, e assim que os garanti, decidi dar uma chance para o tal Royal Blood, que eu só sabia que era uma banda nova que estava ganhando muita repercussão.

Tenho medo de bandas novas, porque elas geralmente nunca me dão o 'clique' que faz com que eu me apaixone. Ainda mais de bandas novas consagradas pelo público indie, como Imagine Dragons. Pensei que Royal Blood fosse algo do tipo. Mas, ao fim da primeira faixa do álbum, "Out of the Black", eu estava me perguntando 'POR QUE EU NUNCA OUVI ISSO ANTES?'. E depois, 'eu me arrependeria para o resto da vida se tivesse deixado para conhecer essa banda ao vivo'.

Mas Cathy, por que, afinal, o Royal Blood é tão bom? O que eles tem de especial? Quem são eles, de onde saíram, a que vieram? Quem os influencia?

Bom, eles saíram de Brighton, na Inglaterra, em 2013, e a banda é composta por dois caras: Mike Kerr no vocal e baixo, e Ben Thatcher na bateria. A fórmula de duo parece conhecida? Quando penso em duos de rock n' roll, a primeira coisa que me vem à cabeça é The White Stripes, liderados pelo maior guitar hero dos tempos atuais, Jack White. O som do Royal Blood lembra muito White Stripes em vários momentos, mas acho que o que mais me encantou no grupo foi o fato de que identifiquei influências tão variadas quanto Queens of the Stone Age, Black Keys, White Stripes, Led Zeppelin, Deftones e Muse - todas bandas que eu gosto muito, mas jamais imaginaria influenciarem um único grupo.

Outra coisa é a mágica que Mike Kerr faz com seu baixo. Você simplesmente não acredita, na primeira audição, que não existem guitarras ali. Até mesmo ao vivo, é difícil de acreditar. Os riffs são pesados e melódicos, numa linha stoner rock que parece ter saído direto de Era Vulgaris, dos Queens of the Stone Age - o que é "Little Monster"? Quase esperei que Josh Homme começasse a cantar. Nos comentários dos vídeos da banda no YouTube, principalmente os vídeos ao vivo, existe muita discussão sobre como Kerr consegue reproduzir o som de seu baixo nos shows, denotando o tamanho da qualidade técnica investida nesse álbum.

Considero os vocais bastante agradáveis, até mesmo sensuais, de uma forma rock n' roll. Ele parece uma cruza perdida entre Josh Homme e Jack White, principalmente quando aumenta o tom, de uma forma que complementa a música, é claro. E Ben Thatcher é um monstro na bateria - a outra metade da cozinha Royal Blood proporciona batidas revoltas e dançantes ao mesmo tempo, indo dos movimentos ritmados até um bate cabeça frenético, extremamente surpreendente.

Se a minha opinião vale alguma coisa, concluo dizendo que Royal Blood é o melhor álbum que eu escutei em 2015 - troco Lazaretto, a elogiadíssima obra prima de Jack White, FÁCIL por ele. O único defeito da banda é não ter mais músicas por enquanto. E eu escutaria, se fosse vocês, e não quisesse me arrepender para sempre.



Comments

Most Visited