Resenha: Oasis - Definitely Maybe (1994)

Se você por acaso vier me perguntar quais são as três melhores bandas surgidas na Inglaterra, minha resposta será breve e virá na lata: Led Zeppelin, Black Sabbath e Oasis. A terra da Rainha brindou o mundo com inúmeros artistas importantíssimos para a história do rock n' roll, mas, na minha opinião, essas são as melhores - bandas que, quando eu escuto, me fazem pensar "como alguém pode fazer música tão boa?"

Quando eu nasci, há 19 anos atrás, o Oasis era a maior banda do mundo, e eu seguramente posso dizer que sou fã deles durante a vida toda. Definitely Maybe foi o álbum de estreia da banda e serviu para dar uma agitada no meio rock n' roll, que vivia uma espécie de ressaca do grunge, que entrou em declínio com a morte de Kurt Cobain. De qualquer jeito, o grunge sempre foi um movimento tipicamente americano, e os ingleses precisaram lançar sua resposta: uma música 100% britânica, evidenciado seus sotaques característicos, costumes do país e mantendo uma sonoridade inspirada nas bandas alternativas dos anos 1980, como Smiths, Stone Roses, Happy Mondays; e, é claro, os Beatles, ídolos máximos do Oasis.

Que a banda é formada pelos carismáticos e inconfundíveis irmãos Liam (vocal) e Noel (vocal e guitarra) Gallagher, todos sabem. Mas Definitely Maybe não é obra apenas dos Gallagher - Paul "Bonehead" Arthurs (guitarra), Paul "Guigsy" McGuigan (baixo) e Tony McCarroll (bateria) completaram o time que originou essa obra prima da música britânica.

O álbum abre com "Rock n' Roll Star", uma das faixas mais roqueiras do catálogo da banda, já deixando bem claro para quem quiser ouvir quais são as intenções do grupo: se tornarem grandes estrelas do rock. Obviamente se tornou um grande sucesso. Em seguida, vem "Shakermaker", um pouco mais lenta, mas igualmente poderosa - a voz de Liam Gallagher, que carrega no desdém até mesmo enquanto está cantando, é marcante, e combina muito com as guitarras elaboradas sem serem frescurentas.

A terceira faixa é mais um hit, "Live Forever", bastante pop, cuja introdução de bateria está marcada na memória de qualquer fã de rock britânico dos anos 90. "Up in the Sky" dá uma acelerada no andamento do álbum, uma boa música para dançar despreocupadamente. Nessa mesma vibe rock n' roll, com guitarras bem sujas, está "Columbia", com um groove delicioso e riffs maravilhosos, além de backing vocals marcantes no refrão.

Logo em seguida vem o primeiro hit do grupo e a minha música preferida da banda, "Supersonic". Fazendo referências aos Beatles (quem mais?), considero essa uma das melhores gravações deles. Tudo nela me encanta, e sou capaz de ouvi-la por mil vezes seguidas e sempre achar uma nova fração de segundo arrepiante.

Outra faixa roqueira, com guitarras sujas e bateria mais frenética, é "Bring It on Down", que também mostra a competência do Gallagher mais velho na guitarra. Aliás, não é preciso ser fanático pelo grupo para saber que o Oasis é a banda de Noel: ele manda, ele escreve, ele é o chefe, e nem mesmo seu irmãozinho consegue passar suas vontades por cima do pulso de ferro com que ele governou a banda, pelo menos até os anos 2000, quando escrevia todo o material lançado.

E então chega "Cigarettes & Alcohol", com uma discretíssima referência à cocaína em sua letra, e na minha opinião a segunda melhor faixa da banda (colada com "Supersonic"), que se tornou clássica. "Digsy's Dinner" é uma música adoravelmente britânica, mais do que tudo nesse álbum com a alma de Manchester; ela provavelmente tem algo dos Beatles no começo da carreira.

"Slide Away" é outro clássico pessoal. Poderosa, tem toda a essência do Oasis: melodia, distorção e boas vibrações, muito diferentes do niilismo grunge que imperava na época. Finalmente, Definitely Maybe se encerra com "Married with Children", demonstrando seu potencial para cantar baladas, que seria demonstrado com "Wonderwall" no álbum seguinte; e "Songbird", em Heathen Chemistry (2002).

Se até Noel Gallagher considera esse um dos melhores trabalhos de sua banda, por que eu discordaria? Venho ouvindo esse álbum há 19 anos e sempre passo a amá-lo mais. E um brinde aos garotos de Manchester!


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