Resenha: L7 - Bricks Are Heavy

Os anos 1990 foram a melhor época para ser mulher dentro do rock. Além da explosão de cantoras solo dentro do rock alternativo, como Alanis Morissette, Fiona Apple e Tori Amos, o grunge também deu bastante espaço para bandas formadas por garotas. A de maior sucesso com certeza é o Hole, fato motivado por sua vocalista, Courtney Love, ser a "primeira-dama" do estilo, ao se casar com Kurt Cobain, mas existem muitas outras que merecem atenção, como o Babes in Toyland, 7 Year Bitch, Veruca Salt e a banda da qual vou falar hoje, o L7.

Primeiramente, não deixe que o fato de ser uma banda formada por mulheres o leve a pensar que se trata de um som mais leve, comercial. O L7 foi um dos grupos preferidos dos grunges por não deixar nada a desejar em questão a peso, e inclusive foi muito famoso no Brasil, chegando a tocar junto com o Nirvana no Hollywood Rock 1993. Bricks Are Heavy é o terceiro disco de estúdio da banda, tendo sido lançado pela Slash Records em 1992 e produzido pelo baterista do Garbage, Butch Vig (que também produziu Nevermind, a obra prima do Nirvana).

O grupo é formado por Donita Sparks e Suzi Gardner nas guitarras e vocais, Jennifer Finch no baixo e vocal e Dee Plakas na bateria. Diferentemente de outras bandas femininas da época, como as amigas Babes in Toyland e Hole, o L7 não adotava o estilo kinderwhore (eu me estenderia sobre o que é isso, mas como aqui não é um blog de moda, vamos nos ater à música - digamos simplesmente que suas roupas se assemelhavam mais às camisas xadrez e jeans rasgados do que aos vestidinhos babydoll).

Como a essência do grunge, o som era uma mistura bastante distorcida do andamento punk com os riffs heavy metal, poderosíssimos. O álbum abre com "Wargasm", trilha sonora perfeita para o moshpit, e os vocais cortantes de Donita Sparks, mostrando a que as garotas vieram. A segunda faixa, "Scrap", foi escrita por Donita e Brett Gurewitz, vocalista do Bad Religion, e logo em seguida vem "Pretend We're Dead", o grande hit da banda.

As músicas, além de pesadas, também tem letras bastante elaboradas, como "Everglade", um verdadeiro hino feminista. Como era comum no grunge, os temas de raiva e insatisfação com a sociedade aparecem bastante, mas não de uma forma dramática - a impressão é de que as garotas colocavam no papel todos os seus sentimentos mais puros, de uma forma nem um pouco delicada, como deve ser o bom rock n' roll. Exemplos perfeitos são "One More Thing", o mais próximo que podemos chegar de uma balada nesse álbum, o single "Monster", "Shitlist", um hardcore pesado com uma interpretação vocal furiosa de Donita Sparks e "This Ain't Pleasure", que conclui o álbum de uma forma concisa, cumprindo a missão do L7 de ser uma das melhores bandas do estilo.

Em 2000, as garotas entraram num hiatus, que felizmente foi interrompido no final de 2014. A banda está voltando com tudo, com muito apoio dos fãs, e já foi confirmada no Download Festival desse ano. Espero sinceramente que elas voltem para o Brasil, para reviver os tempos de sucesso, quando foram comprar biquínis com a galera da MTV!




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