Resenha: Hatebreed e Napalm Death no Carioca Club (27/09/2014)


Como eu já disse aqui antes, o Hatebreed se tornou uma das minhas bandas favoritas de um ano para cá. Os conheci através de seu show no Monsters of Rock do ano passado, então fiquei muito feliz quando anunciaram sua turnê brasileira neste ano, ao lado do Napalm Death, um dos maiores nomes da cena grindcore.

Infelizmente, não cheguei a tempo de conferir os shows de abertura das bandas nacionais Test e Paura - na verdade, quando eu cheguei, o show do Napalm Death já estava rolando. Aliás, ponto para a organização: o horário foi cumprido religiosamente, porque a programação era de que o Napalm Death começasse a tocar às 19h05, e eu cheguei por volta de 10 minutos depois disso (se tratando de grindcore, é muito tempo). Devo admitir que não conheço muito da banda além de seu clássico álbum de estreia, Scum (1987), mas a paixão dos fãs ali presente era contagiante - de fato, João Gordo estava no espaço entre o palco e a grade, curtindo o show. Foi um show de pouco mais de uma hora, com direito a um excelente cover acelerado de "Nazi Punks Fuck Off", do Dead Kennedys. Para aqueles não acostumados com o estilo, chega a ser surpreendente a rapidez com que as músicas são executadas - "You Suffer", por exemplo, não chega a ter dois segundos de duração.

Um pouco depois das 20h, o palco começa a ser preparado para o Hatebreed, que estava marcado para as 20h20. Exatamente quatro minutos depois do horário estipulado, a turma formada por Jamey Jasta (vocal), Frank Novinec (guitarra), Wayne Lozinak (guitarra), Chris Beattie (baixo) e Matt Byrne (bateria) subia ao palco, já botando tudo abaixo com "Everyone Bleeds Now". Nunca fui em um show com um setlist tão bem disposto e escolhido - na sequência, minha música preferida da banda, "In Ashes They Shall Reap", com direito a mosh pits insanos ocupando mais da metade da pista.

Como todo bom show de hardcore, foi uma apresentação sem frescuras - luzes e fumaça era o máximo de aparato em cima do palco, todo o resto era simplesmente a música que saía dos instrumentos. Jamey Jasta é um frontman muito simpático, agradece a presença de todos, a organização, ao Napalm Death e reforça que a missão da banda é sempre passar mensagens positivas com suas letras, que realmente falam de força, luta e superação. O setlist privilegiou o lançamento mais recente do grupo, The Divinity of Purpose, com cinco faixas, e The Rise of Brutality, que comemorou 10 anos de lançamento em 2014, com quatro faixas, e apresentou sequências de respeito, como "Dead Man Breathing", "To the Threshold", "This is Now", "Live for This" e "Honor Never Dies", enquanto a banda incitava os circle pits a se formarem e todos a participarem.

Clássicos dos primeiros lançamentos da banda, como "Last Breath", "Betrayed by Life" e "Under the Knife", também estiveram presentes, arrancando sorrisos de fãs old school. Jasta puxa o coro para homenagear o Slayer, enquanto a banda destrói ao som de "Ghosts of War", cover presente no excelente For the Lions, de 2009, e brada "Rest in peace, Jeff Hanneman!", lembrando do guitarrista, falecido em maio do ano passado.

Com pouco mais de uma hora de apresentação, o show se encerra com "I Will Be Heard" e "Destroy Everything", clássicos absolutos, como de costume. Apesar da curta duração (típica para uma banda de hardcore, afinal), o setlist foi longo, totalizando algo em torno de 20 músicas, deixando o público com um grande sorriso no rosto, as vozes roucas e o corpo dolorido do pit, porém com aquela reconfortante sensação de que sim, valeu a pena.


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