Resenha: The Distillers - Coral Fang

Existem divergências quanto a isso, mas, na minha opinião, o melhor álbum dos Distillers é o último. O grupo foi formado em 1998, por Brody Dalle (conhecida então como Brody Armstrong, porque era casada com Tim Armstrong, líder do Rancid) no vocal e guitarra, Rose Casper na guitarra, Kim Chi no baixo e Matt Young na bateria. Na época em que Coral Fang, o terceiro álbum do grupo, foi gravado, nenhum destes estava mais na banda: Tony Bevilacqua assumiu a guitarra em 2002, enquanto Ryan Sinn e Andy Granelli assumiram, respectivamente, o baixo e a bateria em 2000.

É nítido que Coral Fang é muito mais acessível do que os álbuns anteriores do grupo (The Distillers, de 2000, e Sing Sing Death House, de 2002). O punk rock continua sendo o estilo dominante, mas as músicas são menos 'porrada', e existe espaço até para baladas - "The Gallow is God" e "The Hunger" são ótimos exemplos.

Brody Dalle é e sempre foi a estrela dominante dos Distillers. Canta, toca guitarra e compõe todas as músicas; além de ser linda e ter seu estilo punk como marca registrada. Numa época em que Avril Lavigne começava a aparecer e ser tachada por leigos como 'punk de butique', Brody retomava as tradições de rainhas do rock como Joan Jett, sendo uma alternativa para garotas que procuravam um modelo de conduta.

O álbum abre com um hit, "Drain the Blood", que logo nos primeiros segundos já mostra a potência dos berros e da voz rouca de Dalle, bastante influenciada por Courtney Love. A segunda faixa, "Dismantle Me", continua com o ritmo punk, mas desacelera um pouco a dose de berros. A calmaria total vem com "The Gallow is God", uma balada (disponível até mesmo em versão acústica no single Beat Your Heart Out, juntamente com "Dismantle Me") na qual é possível sentir a dor da vocalista nos lamentos de "what is the prize?" do refrão. A faixa título, "Coral Fang", não chega direito nem a durar dois minutos, e serve como uma preparação para "The Hunger", que começa como balada, mas, no refrão, tem direito a gritos eletrizantes de Dalle: "DON'T CAAAAAAAAAAARE!"

As duas músicas de amor do disco (supostamente direcionadas ao novo amor da vocalista, Josh Homme, o frontman do Queens of the Stone Age) não chegam nem a durar cinco minutos, somadas. Pouca duração não é algo a se reclamar: afinal, é o essencial do punk rock, bastante presente em Coral Fang e na obra inteira dos Distillers. O instrumental não é muito complexo, seguindo a tradição cunhada pelos Ramones desde 1975, com uma batida um pouco mais influenciada por bandas de hardcore, como Black Flag, uma das bandas preferidas de Brody.

O disco se encerra com uma porrada sonora de 12 minutos intitulada "Death Sex", pontuada por longos silêncios. Pessoalmente, não me interessa muito, mas costumo ouvir as onze faixas restantes pelo menos uma vez por semana. É realmente uma pena que tenha sido o último lançamento do grupo, que se dissolveu quando Brody Dalle engravidou de sua primeira filha, Camille. Ela retomou a carreira musical alguns anos depois, primeiro com o Spinnerette, ao lado de Tony Bevilacqua e Jack Irons (baterista do Red Hot Chili Peppers e Pearl Jam), e esse ano em carreira solo, com o álbum Diploid Love, cujo estilo só consigo encaixar no rótulo genérico de 'indie rock'. Existem algumas boas faixas, mas nada comparado aos gloriosos anos de punk produzidos no Distillers, mas isso é assunto para outro post.



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