Dica de Livro: Eu Sou Ozzy

Se você é fã de rock n' roll e não esteve em coma pelos últimos 40 anos, está mais do que familiarizado com Ozzy Osbourne, o Príncipe das Trevas. Iniciando a carreira no fim dos anos 1960 como vocalista do Black Sabbath, ele partiu em carreira solo na década de 1980 com sua banda Blizzard of Ozz, fazendo muito sucesso e vendendo milhões de discos. Nos anos 2000, se tornou ainda mais famoso como estrela de um reality show mostrando o cotidiano de sua família - o clássico The Osbournes, exibido pela MTV entre 2002 e 2005.

Apesar de ser conhecido como Príncipe das Trevas, Ozzy é adorável. Sua biografia já começa com o aviso de que, devido ao grande volume de drogas consumido durante os anos, não há nenhuma garantia de que os fatos descritos ali sejam verdadeiros - são somente como Ozzy se lembra deles. Ele começa a contar sobre sua infância pobre, com seis irmãos, quando ele era simplesmente John Michael Osbourne e apanhava de um tal Anthony Frank Iommi, o valentão da escola, e se tornou um fã dos Beatles aos 14 anos de idade, abandonando a escola no ano seguinte.

As histórias são hilárias: seus empregos anteriores ao rock n' roll, como afinador de buzinas de carro e limpador de tripas em um matadouro, e sua breve carreira como ladrão, que resultou em um mês na prisão, aonde ele começou a se tatuar na tentativa de parecer "menos feminino" e evitar estupros; as histórias dos dias de turnê em vans com o Black Sabbath, no início dos anos 1970; os odores corporais de Bill Ward; as farras, drogas e sexo; o relacionamento com Sharon; as milhares de tentativas de se livrar do álcool e das drogas e, claro, The Osbournes.

Porém, em meio a tantas histórias engraçadas (parte da graça está no jeito em que são narradas - parece mesmo que é Ozzy falando!), é possível perceber o abismo em que o vício o deixou. Ele tentou matar a esposa Sharon, teve vários surtos psicóticos e protagonizou cenas assustadoras durante as festinhas de aniversário de seus filhos. Grande parte das biografias de rockstars dão essa sensação desesperadora do que é o vício em drogas, mas a de Ozzy foi uma das mais sérias que eu já li.

Não vou me estender muito aqui porque não quero dar spoilers, mas é um livro altamente recomendável para qualquer fã de rock n' roll. Se você quiser saber mais sobre o Black Sabbath, não se foque tanto nos livros de Ozzy, mas sim na biografia de Tony Iommi, Iron Man, que também é maravilhosa, ou mesmo em Black Sabbath: Destruição Desencadeada, o livro de Martin Popoff, que foi lançado no Brasil juntamente com o DVD da turnê de 13, no final do ano passado. O material disponível sobre a maior banda de heavy metal de todos os tempos agora é imenso.




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