Mötley Crüe - Too Fast for Love (1981)



Para começar a apresentar minha coleção de discos, nada mais apropriado do que falar da minha banda preferida. Essa foi uma das minhas aquisições mais recentes e uma das melhores, já que o vinil está em perfeito estado de conservação e  era o que eu mais queria dentro da discografia da banda.
O Mötley Crüe é uma banda de glam metal, formada em 1981, em Los Angeles, por Vince Neil (vocal), Mick Mars (guitarra), Nikki Sixx (baixo) e Tommy Lee (bateria). Além de ser uma das bandas mais influentes dentro da cena do hard rock oitentista, foi responsável pela explosão mainstream do heavy metal, juntamente com o Ratt e o Quiet Riot, abrindo as portas para a música pesada nas paradas e na MTV. Too Fast for Love é seu álbum de estreia, e foi lançado originalmente em 10 de novembro de 1981, de forma independente, pela Leathür Records, de propriedade da banda.

Para aqueles que talvez conheçam o Mötley Crüe de hits como "Dr. Feelgood", "Kickstart My Heart" e "Girls Girls Girls", é importante destacar que a pegada do som aqui era bem diferente. O baixista Nikki Sixx, que é o principal compositor e letrista do grupo, é muito influenciado pelo punk rock, tendo os Sex Pistols como uma de suas bandas preferidas, e essa influência se faz notar pelo andamento das músicas, rápidas e cortantes, mas com aquela periculosidade sensual digna do Aerosmith, outros ídolos de Sixx.

A faixa de abertura, "Live Wire", já começa com um riff cortante e explode em batidas de bateria. A índole hedonista da banda se reflete nos versos que antecedem o refrão: "because I'm hot, young, running free, a little bit better than I used to be" (porque sou quente, jovem, correndo livre, um pouco melhor do que costumava ser). Na minha opinião, Too Fast for Love é o álbum em que Nikki Sixx mais impulsiona a música através de seu instrumento, dando peso e apoio na medida certa. Os riffs de Mick Mars também são menos blueseiros do que de costume (o blues é o estilo preferido do guitarrista), e o andamento do álbum é punk, cortante e jovem, como em "Public Enemy #1", "Take Me to the Top" e "Piece of Your Action".

Porém, nem só de músicas rápidas vive o álbum. Embora mais tarde o Crüe tenha alcançado sucesso com baladinhas típicas dos anos 80 como "Home Sweet Home" e "You're All I Need", a melhor música de amor deles está em Too Fast for Love. "Starry Eyes" foge da fórmula de pianos chorosos e é alçada em um riff simples, mas tem uma paixão deliciosamente demonstrada em sua letra, como nenhuma outra canção deles conseguiu condensar. Vinte e tantos anos depois do lançamento da faixa, os fãs do (agora finado) casal Nikki Sixx e Kat Von D costumavam usá-la como trilha sonora pessoal para o relacionamento.

A faixa título foi um hit potencial, e me pergunto até hoje porque não figurou mais nos setlists da banda conforme o passar dos anos. Foi a música que me apresentou à banda (por intermédio das queridas The Donnas e seu maravilhoso cover) e até hoje é uma das minhas preferidas.  A tracklist oficial acaba em "On With the Show", com sua letra que faz referência ao relacionamento de Nikki Sixx com seu pai ausente, mas caso tenha uma chance, procure a versão do álbum relançada em 2003 pela Mötley Records, que ainda conta com as três melhores músicas desse período (na opinião desta humilde fã), que infelizmente não entraram no lançamento original: "Tonight" - não confundir com "Tonight (We Need a Lover)", de 1984: mesmo título, músicas completamente diferentes; "Stick to Your Guns" e "Toast of the Town", essas duas últimas sendo as faixas que compuseram o primeiro lançamento da banda, um single. "Toast of the Town" tem uma das minhas performances preferidas de Tommy Lee na bateria - simples, mas certeira, que é a forma perfeita de descrever esse álbum do Mötley Crüe. Hard rock punk de primeira, e que abriu as portas para todo o heavy metal em sua magnitude como o conhecemos hoje em dia.

A banda promete encerrar suas atividades em 2015, após uma extensa turnê mundial, que hoje está em Hollywood, com abertura de Alice Cooper. Supostamente, após o fim, o Crüe jamais poderá se reunir, tendo assinado um contrato com essas cláusulas. Como eles mesmos estão proclamando, all the bad things must come to an end. Fica a memória de quando eles eram quentes, jovens e correndo livres.

Link para audição, no YouTube. Essa é a versão da Leathür Records, com 10 faixas. A versão de 2003 também conta com uma versão alternativa de "Too Fast for Love" e uma gravação ao vivo de "Merry-Go-Round", além das faixas já mencionadas.


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